Celebrado mundialmente 47 dias antes da Páscoa, o carnaval moderno é muito associado às religiões cristãs por representar os últimos momentos que antecedem a quaresma — período religioso de restrições alimentares e comportamentais que incluem não ingerir carne. Mas a origem do carnaval não tem relação com religião alguma. Ela remonta ao Antigo Egito, quando festejos pagãos eram feitos como uma despedida do inverno e boas vindas à primavera, com homenagem às divindades na expectativa de boas colheitas.
No Brasil, o Carnaval surgiu em 1723, com a migração vinda das ilhas portuguesas da Madeira. Nos seus primórdios, não havia música nem dança. A tradição era a do Entrudo (que significa “entrada”), uma brincadeira que consistia em molhar e sujar uns aos outros. A partir do século XIX, houve uma intensa campanha contra o entrudo, mas o povo — e aí entram os cerca de 4 milhões de escravos africanos levados para o Brasil pelos portugueses — encontrou novas maneiras de se manifestar. Surgiram os cortejos, que misturavam a estética das procissões religiosas com ritmos populares, e as marchinhas de Carnaval, que evoluíram para a festa como estamos acostumados.
As músicas, fantasias e a alegria dos foliões guardam a memória de civilizações antigas e da história do nosso país. Além de a celebração envolver expressões artísticas, como danças típicas e performances, ela é frequentemente usada como referência temática para muitos artistas. Um exemplo é a coleção Manhã de Carnaval da Minori Galleria, composta por obras da artista Claudine Knijnik. Os traços em nanquim e carvão mineral combinados com pinceladas de aquarela remetem às fotografias do início do século XX, resgatando as festas carnavalescas e o imaginário popular.